terça-feira, 22 de junho de 2010

Filmes de "Vocação e missão no cinema contemporâneo"


















Cartazes dos filmes, citados no artigo "Vocação e missão no cinema contemporâneo"
do Prof. Gerson Dudus.





































Vocação e Missão no Cinema Contemporâneo

Três filmes contemporâneos me impressionaram fortemente pelo modo como a vocação e a missão foram trabalhadas. Os filmes são Amateur(1994) de Hal Hartley, Anjos Rebeldes(1996) de Gregory Widen e Um Drink no Inferno(1996) de Roberto Rodriguez.

Os personagens dos dois primeiros filmes eram noviços – uma freira e um padre. No Drink, o personagem é um pastor. Todos desistem da vida religiosa, porque o sagrado se revela a eles de maneira inesperada e estranha.

Em Amateur, a freira ouve uma voz que lhe diz que precisaria sair do convento para salvar a vida de uma pessoa no mundo. Ela sai, e para sobreviver começa a escrever contos eróticos. Ela descobre, no decorrer do filme, que precisa salvar da morte a mais famosa atriz de filmes pornô do mundo, perseguida pela Máfia. Numa entrevista sobre o filme a atriz Isabelle Huppert que faz o papel da freira diz o seguinte:

“Muitas coisas aconteceram neste filme. Eu o chamo de thriller metafísico.(…) Pensando em meu personagem, Isabelle, ela é uma personagem muito idealista. Ela pensa ter uma missão e ela espera muito das pessoas. É como se ela estivesse sendo acordada para a vida, sabe, como se ele estivesse descobrindo a vida. Quando descobre o amor e os homens, e as pessoas. É como se ela tivesse que se comprometer. Então, ela começa dos grandes ideais, porque ela pensa que foi chamada(…)Mas, claro, o ponto central é que ela precisa aprender a como se comprometer e como, em certo sentido, ela vai precisar se tornar um ser humano.”
http://www.possiblefilms.com/projects/amateur/index.html


Com o ex-noviço de Anjos Rebeldes é diferente. No momento em que ele está sendo ordenado padre tem uma visão de uma guerra entre anjos e demônios no céu. É tudo tão real e assustador que ele sai gritando da cerimônia e desiste do ministério, se tornando investigador de polícia. Mas seu conhecimento teológico e sua fé são requeridos para resolver crimes estranhos e horríveis que acontecem na cidade, e ele se envolve numa guerra entre as forças espirituais do bem e do mal.

O pastor de Um Drink no Inferno crê ter perdido a fé depois que sua mulher morre num estúpido acidente de carro, onde fica presa nas ferragens. Ele não entende nem aceita isso como ‘a vontade de Deus’. Mas quando é confrontado com um pedaço do inferno na terra – um bar onde as pessoas se transformam em demônios-vampiros – a única salvação para ele e seus filhos é ele, como um ato de fé, abençoar a água e com ela matar os demônios.

Nos três casos, a vocação e a missão são operacionalizadas, se tornam efetivas em contextos bizarros, exatamente onde não esperaríamos encontrar Deus: o mundo da pornografia, da perversão, da violência e do crime.

Talvez o que estes filmes estejam querendo expressar é o desejo por um outro cristianismo, por uma nova figura de vocação cristã. E também da imagem de um Deus que seja, como a ortodoxia afirma, onipresente: Deus que está em todos os lugares – mesmo os menos recomendáveis; um Deus que todos possam encontrar onde quer que se achem.

Parêntese

Num outro filme, Pulp Fiction (1994), ocorre um interessante encontro com Deus, também num ambiente absolutamente improvável.
Dois matadores de aluguel, Vincent Vega e Jules Winnfield estão interrogando três suspeitos de terem roubado droga do traficante para quem eles trabalham. De repente, um quarto suspeito sai de dentro do banheiro, sem que eles esperem, e descarrega uma arma a dois metros deles. Seria impossível errar daquela distância e a queima roupa. Só que as balas passam através dos matadores sem machucá-los e vão se alojar na parede.
Jules interpreta o que aconteceu como intervenção divina e um aviso de Deus e, por isso, abandona a vida de assassino decidindo viver como uma pessoa normal. Vincent, que acha que aquilo não passou de sorte e coincidência, morre assassinado.


JULES
Isso foi intervenção divina.
Você sabe o que é intervenção divina?

VINCENT
Acho que sim. É Deus descendo do céu e fazendo as balas pararem.

JULES
É isso aí mano. É exatamente o que significa!
Deus desceu do céu e parou as balas.

VINCENT
Bom, então vamos cair fora, tá certo?

JULES
Não faz isso! Não fala nesse tom, filho da mãe!
O que aconteceu foi um p* de um milagre!

VINCENT
Se acalma aí,mané. Isso foi uma coisa que aconteceu…

JULES
Tá errado, nada disso, isso não foi apenas uma coisa que aconteceu!

VINCENT
Voce quer continuar essa discussão teológica
no carro, ou prefere terminar na delegacia com os guardas?

JULES
Nós podíamos estar mortos agora mesmo, babaca!
Nós testemunhamos um milagre e eu queria que você admitisse isso!

JULES
“Tem uma passagem que eu memorizei. Ezequiel 25:17:

‘O caminho do homem de bem é cercado por todos os lados pelas iniqüidades dos egoístas e a tirania dos maus. Abençoado aquele que, em nome da caridade e boa-vontade, pastoreia os fracos pelo vale das trevas. Pois é verdadeiramente o guardião de seus irmãos e salvador dos filhos perdidos. E irei cair com grande vingança e ira sobre todos os que tentarem envenenar e destruir meus irmãos. E você saberá que eu sou o Senhor quando minha vingança o abater’.
Venho dizendo essa merda por anos. E se você chegou a ouvir, significa que vai morrer. Nunca parei pra pensar no significado. Achava que fosse uma daquelas coisas que mostram sangue-frio, pra se dizer a um babaca antes de encher o rabo dele de balas. Mas eu vi uma m* hoje de manhã que me fez pensar duas vezes. Agora eu estou pensando: isso poderia significar que você é o mau. E eu sou o justo. E o senhor calibre45 aqui é o pastor me protegendo pelo vale das trevas. Ou poderia significar que você é o justo e eu sou o pastor. E é o mundo que é mau e egoísta. Eu gosto dessa versão. Mas não é verdade. A verdade é: você é o fraco. E eu sou a tirania dos maus. Mas estou tentando, cara. Estou tentando DE VERDADE ser um pastor.”


Contextualização

A missão do cristianismo no mundo hoje é imiscuir-se. Se o Cristo dissesse aquela frase hoje, talvez a modificasse para: “Sejam astutos como um vírus”.
Sabe-se que um vírus tem um potencial quase ilimitado de variações e parece enganar sempre aqueles que podem derrotá-lo porque conhecem sua estrutura. Um vírus não tem medo de mudar. Ele sabe que esta é a lei secreta de Deus: a única constante é a mudança.
O vírus utiliza informação genética do organismo que está em contato para suas mutações.

Assim é que o cristianismo contemporâneo precisa se tornar um mutante no encontro com cada cultura, se tornar diferente e outro em cada comunidade e só assim continuar sendo cristianismo.
O cristianismo contemporâneo precisa inventar seu próprio processo de singularização, sua multiplicidade: potencializar seus modos de existência e de expressão para aproveitar toda a riqueza das culturas humanas. Uma espécie de antropofagia oswaldiana: engolir tudo e devolver transubstanciado. Imagine o número enorme de vocações que isto pode disparar, já que não é apenas como sacerdote na instituição – pastor, missionário, padre, freira – que se pode servir. A vida cristã e a ética do sermão da montanha funcionam lá fora, no mundo. Como Lutero afirmava, é o sacerdócio de cada crente que interessa

Esse é um desafio e tanto que mexe com três medos: o primeiro medo é o de que no meio desse processo o cristianismo perca seus referenciais-base e não se reconheça mais (a heresia, o sincretismo); o segundo medo é de que no meio do processo o cristianismo morra e uma religião substitutiva surja de suas cinzas e destroços; e o terceiro é o medo de fracassar no meio do processo e perder tudo que existiu em 2000 anos junto com o que não se conseguiu fazer.

Mas, afinal, estes não são os medos que nos acompanham todo o tempo? O medo psicológico de enlouquecer, o medo ontológico de morrer, o medo existencial de fracassar. Mas se eles nos imobilizassem não seríamos mais do que mortos-vivos fingindo agir e pensar.

Como a vida e Deus valem a pena, é precisa aceitar o desafio e enfrentar o medo. Porque podemos ser exercitados no amor e o perfeito amor lança fora o medo.

Prof. Gerson Dudus
Disciplinas: Filosofia da Religião, Sociologia I e II, Sociologia da Religião e História dos Batistas.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Livros Indicados!




Queridos, temos aqui alguns livros indicados pelos mestres Fabama!
Todos eles já se encontram na biblioteca, não deixe de conferir!

Mariana Sarkis - Biliotecária

sexta-feira, 18 de junho de 2010

O valor da Educação Teológica



É como muita alegria que abrimos as portas da nossa casa, uma casa de “reflexões”com um palco de interdisciplinares da teologia, sociologia e filosofia. Sem as quais é impossível refletir teologia sem diálogo.

Hoje, as instituições teológicas já não formam só pastores para dirigirem igrejas, formam também educadores religiosos, músicos, missionários, escritores e professores de Teologia.

O nosso maior desafio como instituição teológica é atender essa multiplicidade de ministérios. Além deste promover uma dinâmica pedagógica entre os educandos com um olhar interescolar com a educação teológica. A Faculdade tem como missão fundamental preparar líderes das igrejas para servirem ao reino de Deus no cumprimento da Sua vontade. Para que os obreiros sejam bem preparados, a Faculdade considera que a sua formação deve incluir os diversos aspectos de sua vida e assim são contemplados o SER, TER, SABER/REFLETIR, FAZER, SENTIR E CONVIVER. Acreditamos, assim, que um líder ou uma líder bem preparado estará em condições de servir à causa do Evangelho.

“ Só há mudança quando há transformação!” Paulo Freire

Profª Lusiane Castro
Coord. Pedagógica